O habitual nessa época é respondermos qual presente queremos ganhar
no final do ano. O título inusitado é, portanto, uma provocação,
contudo sem qualquer pretensão de criticar comportamentos, mas
apenas estimular reflexões.
Não se sabe ao certo quando, ou de qual maneira, a figura excelsa de
Jesus e sua mensagem de autorrealização foi substituída pelo
velhinho de barbas brancas que distribui presentes, mas o fato é que
o Papai Noel foi convertido em símbolo do consumismo desenfreado que
impera na sociedade contemporânea, apesar de sua origem e essência
ser sinônimo de generosidade.
Não trato aqui do consumo sustentável de bens que promovem saúde e
bem-estar ao ser humano e que muito contribuem para o avanço da
nossa sociedade. Refiro-me ao excesso de bens desnecessários,
inúteis ou supérfluos, que esgotam gradativamente os recursos não
renováveis do nosso planeta.
Observo atentamente, desde os primeiros dias de cada dezembro, a
construção de um ambiente de ansiedade generalizada, sendo tarefa
fácil observar o alto nível de irritabilidade que toma conta de
grande parte da população nesse período, não obstante forte
tendência a prática de gestos altruístas. Aspectos contraditórios
dos seres humanos, tão complexos e intrigantes.
A ilusão que promove a busca pela realização pessoal através de
objetos/coisas externas representa a antítese de uma das maiores
máximas propagadas por Cristo: o autoconhecimento. Jesus, por sua
vez, ensina que conhecer a si mesmo é uma tarefa individual, não
obstante o fato de que as maiores oportunidades de crescimento
ofertadas pela vida são as relações interpessoais.
O processo de desenvolvimento se dá pelo aprofundamento dos
princípios éticos do indivíduo e sua relação construtiva com o
mundo, de modo que à medida que tomamos consciência de nossas
potencialidades e as projetamos externamente, crescemos e inspiramos
o crescimento de outros.
Nesse sentido, considerando o forte simbolismo natalino, e partindo
do pressuposto que a realidade que nos cerca é o reflexo fidedigno
dos nossos pensamentos, palavras e ações, proponho que você se
converta na mudança que deseja ver mundo, como ensinou com
propriedade o Mahatma Gandhi.
Este é o maior presente que o indivíduo pode dar a si mesmo e aos
que o cercam, pois a construção do caráter é conquista permanente
da alma, e tem o condão de se propagar de modo imensurável.
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